Tratamento: Doses diárias de auto terapia e poesia.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

INVIDERE



Quero deixar um registro sobre os invejosos e a inveja
Uso um galhinho de arruda, uma figa, que seja
Cravado nos meus escritos o clichê do pecado capital
Escrevo do lado de uma pimenteira
Sobre ficção para os ingênuos, ou a verdade verdadeira
Faço em volta de mim um circulo de sal

Desde que o tempo é tempo, o verme do vício da alma
É a pausa antes da punhalada, para depois ver o sangue escorrer com calma
Admiração doentia, vezes confusão sexual, real insanidade
É o mesmo que brinca com a estima e pede humildade
É o fiel da balança que pesa a maldade
Um pesar alheio por tudo, ou quase tudo, alheio
 Irmã da paixão desvairada e do ciúme, ela está no meio
O cumulo dela mesma, os invejosos invejam até os invejosos
É a tapinha nas costas, é um falso sorriso e olhos nervosos

Como ladrão que rouba ladrão
Dizem se ocupar, mas esperam os anos de perdão
São vampiros, alimentam-se da vida alheia
Para não se alimentar da própria vida
Fazem do ser terra estéril onde o bem não semeia
Vão chamá-lo de “meu querido” e “minha querida”
Sondam o coração do homem e o que o faz bater
Instintivamente se riem ao ver perecer

De mãos espalmadas negam invejar, rezam até de joelhos
Reproduzem em suas mentes inimigos, tal qual coelhos
Negam as intenções procurando o espelho para se ver
Apontam o dedo do implacável Deus de Abraão
Somam pesadelos com uma fila de fantasmas a cobrar
Fazem-se magoadas, julgam e enfim jogam corpos ao mar
Acusam santos de bruxaria e os queimam na fogueira da inquisição
Mas o inevitável é que se afogam de fato, carburam de fato, e pelo reflexo do espelho vêem-se perecer.

(J. Victor Fernandes)

Inveja, do latim: “invidere”, significa olhar de soslaio, ou com mau-olhado.


terça-feira, 20 de maio de 2014

CONTRA A CORRENTE






Contra a corrente que aprisiona a mente

Contra a corrente que aprisiona a alma

Contra as amarras que nos dão uma falsa calma,

Prendem-nos e não nos deixam reagir

Contra a corrente da mesmice que compromete o existir

Contra os grilhões que invertem os valores

Confundem os normais e criam tantas dores

Contra a corrente que se diz majoritária

Que do alto de uma montanha solitária

Usam caras canetas para cometer um genocídio mudo

Peças em um gigante tabuleiro, usados como escudos

São tantas Marias, Josés e Antônios

Cegos pela penumbra de velhos demônios.



(J. Victor Fernandes )

terça-feira, 13 de maio de 2014

SIGLAS

Não era felicidade, era Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Não era amor, era Síndrome de Estocolmo.
Não eram dias bons e dias ruins, era Transtorno Bipolar.
Não era indiferença, era Transtorno de Personalidade Esquizoide.
Não eram ciúmes, era Transtorno de Personalidade Paranóide.
Não era tesão, era Síndrome de Excitação Sexual Persistente.
Não era frio na barriga, era Síndrome do Cólon Irritável.
Demorei a descobrir, eram muitas siglas, eram muitos diagnósticos.
Não sai ileso, “adquiri” Insensibilidade Congênita a Dor.

J. Victor Fernandes.